quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
Descoberta no espelho
se insinuando na perna
fino rio de sangue azul
onde as tristezas navegam
herança de tua avó, de tua bisavó
marca do teu trabalho
do trabalho delas
cicatriz do filho que esperaste
e das escadas que subiste
tua pequena varize
não é doença ou velhice
mas antes sinal de beleza
irmã dos rios, dos navios e da chuva
irmã de todas as coisas
que ultrapassaram limites
POR IRACEMA MACEDO - Lance de Dardos.
Ofereço essa poesia as minhas novas irmãs do Solos Férteis, lugar onde encontrei o inicio de um novo ciclo, conheci mulheres incríveis, batalhadoras, sonhadoras, e que carregam em sua arte as historias de suas vidas admiráveis!
terça-feira, 30 de novembro de 2010
Baixo de Natal
Outro dia, tuitando com amigos percebi que muitos reclamavam da nao aprovação no Auto de Natal, espetaculo natalino mantido com verba municipal.
E numa brincadeira com Luiz Gadelha falei: "Oxe minha gente, parem de reclamar, vamos fazer um Baixo de Natal", pronto, foi o cutucão que alguns artistas esperavam pra dar inicio a uma nova empreitada, nascia O Baixo de Natal.
Em poucos minutos Baixo cresceu com a velocidade dos meios virtuais onde nasceu. Os primeiros a dar apoio ao movimento foram Buca Dantas, Luiz Gadelha, Ramilla de Souza, Jota Mombaça, Polliana Praça. Rapidamente a noticia se espalhava pela cidade, três horas depois da primeira citação, o Baixo já tinha apoio dos principais artistas da cidade, e os emails nao paravam de chegar com amigos querendo ajudar de alguma forma.
Realmente parecia que todos esperavam por algo que nos tirasse na inércia doentia da cidade.
Nós nao sabíamos ainda o que era o Baixo de Natal, tínhamos pessoas de todas as linguagens artísticas, queríamos fazer algo novo, queríamos mostrar nossa produção, abrir novas perspectivas.
Nas primeiras reuniões, poucas lamentações e muitos encaminhamentos, todos finalmente estavam empenhados em fazer algo pela cultura da cidade, mostrar que nossa arte nao é apenas alegoria de final de ano, ensaiamos, pesquisamos e trabalhamos muito, porém não encontramos espaço pra nossa arte.
Quem tá afim de esperar por mudanças, fique a vontade, nós cansamos! estamos vivos e unidos e mesmo que no futuro isso no dê em nada, hoje é isso que nos alimenta.
Viva o Baixo do Natal, viva os artistas de Natal...
segunda-feira, 28 de junho de 2010
A Bíblia em quadrinhos!
Numa breve viagem que fiz a São Paulo, comprei a mais nova obra do quadrinista americano Robert Crumb - Gênesis.
O livro narra a historia sagrada contada através dos desenhos do famoso e polêmico Crumb, conhecido pela característica underground em seus desenhos, com formas e traços distorcidos e exagerados, muito sexo e drogas e o conteúdo critico de suas historias.
No novo trabalho, Crumb adota uma postura mais comportada, ele diz apenas reproduzir a historia tal qual foi escrito.
A leitura é muito empolgante, principalmente porque podemos ver as imagens, antes apenas narradas pelo livro sagrado.
Os personagens são retratados de acordo com as indicações da bíblia e do Torá livro sagrado dos judeus.
È impressionante reconhecer nas historias narradas a base de todos os preconceitos que, ainda hoje, podemos identificar nas sociedades de todo o mundo.
Apesar da critica de varias entidades religiosas, o livro já é um sucesso no mundo inteiro, citado como a obra mais importante já feita sobre a Bíblia.
Eu já estou finalizando minha leitura e indico a todos que querem conhecer mais sobre as historias tão mal interpretadas pelos fanáticos religiosos!
terça-feira, 8 de junho de 2010
La pregunta
Amor, una pregunta
te ha destrozado.
Yo he regresado a ti
desde la incertidumbre con espinas.
Te quiero recta como
la espada o el camino.
Pero te empeñas
en guardar un recodo
de sombra que no quiero.
Amor mío,
compréndeme,
te quiero toda,
de ojos a pies, a uñas,
por dentro,
toda la claridad, la que guardabas.
Soy yo, amor mío,
quien golpea tu puerta.
No es el fantasma, no es
el que antes se detuvo
en tu ventana.
Yo echo la puerta abajo:
yo entro en toda tu vida:
vengo a vivir en tu alma:
tú no puedes conmigo.
Tienes que abrir puerta a puerta,
tienes que obedecerme,
tienes que abrir los ojos
para que busque en ellos,
tienes que ver cómo ando
con pasos pesados
por todos los caminos
que, ciegos, me esperaban.
No me temas,
soy tuyo,
pero
no soy el pasajero ni el mendigo,
soy tu dueño,
el que tú esperabas,
y ahora entro
en tu vida,
para no salir más,
amor, amor, amor,
para quedarme.
Pablo Neruda
segunda-feira, 7 de junho de 2010
domingo, 6 de junho de 2010
Iracema Macedo
Por tanto tempo amei Pedro
que já o deixara há anos
e ainda era cedo
e não havia mais jeito
e no entanto eu amava
como uma espécie de bicho que aguarda
como uma espécie de massa descansando
Amava
amava o umbigo
o trigo
o talhe firme de seu corpo moço
e Pedro era Pedro e muitos
não era um só
mas todos que eu ia amando pelo mundo
Em cada um era Pedro
em cada Pedro um segundo
mil e único
Vento estúpido, vento estúpido
por que me fizeste uma só para um homem múltiplo?
Por que de mim não fizeste também tantas Marias?
Por tantos Pedros pecada
Por tantos Pedros navegada
Vento estúpido, vento estúpido, ao invés me deixaste só
sendo uma e mais nada
Quando no fundo eu queria
ser as outras Marias
que Pedro também amava
e ser as outras mulheres com quem Pedro deitava
Vento estúpido, deus do múltiplo,
tu não me deste esta dádiva.
sexta-feira, 4 de junho de 2010
Novas vozes pra mudar o mesmo!
Nas minhas descobertas musicais desse mês, dou destaque para Yael Naim, cantora Franco-Israelita de voz doce e com cara de gente.
http://www.dailymotion.com/video/x6pp7d_yael-naim-et-david-donatien-new-sou_music
http://www.dailymotion.com/video/x7rw9m_yael-naim-far-far_music
E ainda, o belo e charmoso Andrew Bird. O cara além de ter uma voz incrível, passou duas vezes na fila da beleza. puts! meu filho, num precisava você fazer nada, só cantar e tocar seu violino...
http://www.andrewbird.net/news/index.php
http://www.youtube.com/watch?v=W3WoXkOH6WQ&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=XRm8QbrZNpg&feature=related
Documentario Zeitgeist -
Depois de tanto tempo ausente, volto para comentar sobre o documentário que assisti nesses últimos dias e que tem mexido com minha cabeça.
Zeitgeist= "O espírito do tempo", é um documentário incrível, que destrói todas as crenças impostas pelas religiões mostrando, por exemplo, que Jesus Cristo teria sido uma invenção, digamos, da "mídia" romana para dominar as massas,revela ainda, grandes conspirações que dominam e oprimem o homem.
É um filme perturbador, pois coloca abaixo tudo que acreditávamos conhecer sobre o homem e seus valores.
Estimulador de pensamentos críticos, o filme do norte-americano Peter Joseph, é uma produção independente e pode ser baixado gratuitamente pela net.
Vale a pena assistir!!!
domingo, 2 de maio de 2010
Minha terra tem palmeiras,
onde canta os sabiás,
tudo é privatizado,
os canteiros, as praias e os ás.
Os canteiros da cidade,
você pode adotar,
já os buracos que se espalham,
esses tem que desviar.
O azul do nosso céu,
é da cor do azul anil,
e foi embaixo desse céu,
que nasceu a Miss Brasil.
Foi pensando nos doentes,
que reclamavam do tédio,
que a Prefeitura jogou no lixo,
uma tonelada de remédio.
Nas colunas sociais,
os políticos fazem pose,
todos se responsabilizando,
por Natal 2014.
Quitéria Kelly -2009
sexta-feira, 16 de abril de 2010
Bazar virtual
Há algum tempo venho praticando a "tal" da compra virtual.
Menino, o babado é forte! gente esse negocio de compra virtual vicia. Num tem um dia que eu não visite os blogs e sites de venda.E o que é mais legal, se as roupas forem caras, voce pode pegar o modelo, comprar um tecido e mandar uma costureira fazer...
Ai vão os mais visitados:
http://www.lareinamadre.com.br/
http://antesdeparis.com.br/blog/
http://www.sacks.com.br/site/main.asp
Lembrando que comprar na net é bem mais barato!
quinta-feira, 15 de abril de 2010
Fito, Fito Fito!
Te vi... juntabas margaritas del mantel
Ya sé que te traté bastante mal,
No se si eras un angel o un rubi
O simplemente te vi.
Te vi, saliste entre la gente a saludar
Los astros se rieron otra vez, la llave de mandala se quebró
O simplemente te vi.
Todo lo que diga está de más,
Las luces siempre encienden en el alma
Y cuando me pierdo en la ciudad, vos ya sabés comprender
Es sólo un rato no más, tendría que llorar o salir a matar.
Te vi, te vi, te vi... yo no buscaba nadie y te vi.
Te vi... fumabas unos chinos en madrid
Hay cosas que te ayudan a vivir
No hacías otra cosa que escribir
Y yo simplemente te vi.
Me fui... me voy, de vez en cuando a algun lugar
Ya sé, no te hace gracia este país...
Tenías un vestido y un amor...y yo simplemente te vi.
Todo lo que diga esta de mas,
Las luces siempre encienden en el alma
Y cuando me pierdo en la ciudad,
Vos ya sabés comprender... es sólo un rato no más,
Tendría que llorar o salir a matar...
Te vi, te vi, te vi... yo no buscaba nadie y te vi.
domingo, 11 de abril de 2010
Ahora abro la ventana, e entra la luz com el viento...
Hoje acordei com uma vontade imensa de ouvir e escrever algo em meu blog sobre Lhasa de Sela,cantora que acompanho desde do tempo que morei na França, aliás, foi lá que a conheci.
Procurando na internet a letra de uma musica que gostaria de postar, li uma noticia em um blog que me congelou a espinha dorsal. Lhasa de Sela morreu em Janeiro de 2010 vitima de um câncer na mama. Não contive as lagrimas, que ainda caem enquanto escrevo estas linhas. Como assim? Lhasa morreu e ninguém falou nada? e eu não soube de nada?
Lhasa faleceu dia 01 de janeiro a meia noite. Ela sucumbiu a uma luta de 21 meses, que encarou com força e determinação.Lhasa de Sela já estava doente quando gravou o seu último álbum, um trabalho homônimo que ainda chegou a apresentar ao vivo, antes de ter de cancelar todos os concertos, para não prejudicar os tratamentos a que estava a submeter-se. Os seus últimos concertos aconteceram em Maio.
Ela fez seu ultimo concerto no Theatre Bouffes du Nord em maio de 2009, aqui vai o registro do concerto: http://www.youtube.com/watch?v=wiMW6eikgu8&feature=player_embedded#
Eu me despeço dessa encantadora mulher, postando aqui alguns vídeos de musicas que levarei comigo. Adeus querida Lhorona!
http://www.youtube.com/watch?v=VNedWwEqLxQ&feature=player_embedded#
http://www.youtube.com/watch?v=I3A50PfvOY0&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=0Oz5VtHG0Qk&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=iKuZz3YeAkI&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=4mVFH6AzHRc&feature=related
sábado, 10 de abril de 2010
Fernanda Torres
quinta-feira, 11 de março de 2010
Fechado pra Balanço
Previsão da Funcarte para o Teatro Sandoval Wanderley é de mais um ano longe do público
As pautas do Teatro Alberto Maranhão são disputadas? A Casa da Ribeira é pequena? O Centro de Convenções prioriza eventos corporativos? A solução de espaço para artistas de teatro e músicos bem poderia ser o velho “Teatrinho”, como é carinhosamente chamado o Teatro Sandoval Wanderley. Mas após um ano desativado por motivo de segurança em 2009, as perspectivas para este ano são desanimadoras. A verba mínima para recuperação do prédio foi orçada em R$ 300 mil. A reforma ideal ultrapassa os R$ 800 mil. E os responsáveis pela administração do teatro - a Fundação Capitania das Artes (Funcarte) - já sinalizou: “Não temos verba para a reforma”.
Nos últimos anos, o Sandoval Wanderley se transformou em verdadeiro calo da administração municipal. A última grande reforma se deu há 18 anos, na gestão da então prefeita Wilma de Faria. Em 2005 houve mais alguns reparos para receber os projetos da Funcarte, insuficientes para a longevidade estrutural do teatro - o único em formato de arena da cidade, considerado extremamente aconchegante e notoriamente um formador de plateia em razão dos ingressos de valores populares e atrações qualificadas. O último projeto cultural abrigado pelo SW foi o Pixinguinha, patrocinado via Lei Rouanet (Federal) pela Petrobras. O Pixinguinha ajudou a revitalizar, a dar vida ao teatro até seu encerramento, em 12 de maio de 2006.
Às vésperas do Dia Mundial do Teatro, comemorado em 27 de março, o SW ficará do lado de fora da festa. Os valores, mesmo para a reforma mínima necessária, são considerados “inviáveis” aos cofres municipais, segundo a Capitania das Artes. A solução encontrada é a disputa com outras centenas de projetos culturais do país pela verba do Fundo Nacional de Cultura. Em 2009, ainda na gestão de César Revorêdo à frente da Funcarte, o projeto concorreu e alcançou o 37º lugar, longe da colocação dos dez projetos contemplados com a verba total de R$ 11 milhões. Já naquela época, o diretor do teatro, Marcos Martins, afirmou ao Diário de Natal a estimativa de reforma para o segundo semestre.
“Houve algum atropelo de comunicação. Quando assumimos pensávamos que a verba estava garantida, mas o projeto havia apenas sido aprovado na Funarte, o que não representa verba liberada”, afirmou o vice-presidente da Funcarte, Gustavo Wanderley. “Fui à Brasília semana passada, conversei com os responsáveis e eles me falaram que o melhor caminho é reeinscrever o projeto para reavaliação e nova disputa pela verba do Fundo Nacional de Cultura, e é o que vamos fazer”. O resultado da Funarte sai apenas no segundo semestre deste ano. Até lá, o SW permanece fechado ao público e também aos ensaios dos poucos grupos de teatro que usavam o espaço.
A atriz Quitéria Kelly entregou o cargo de direção do teatro em dezembro, após quatro meses de administração. Enquanto esteve à frente, viveu a expectativa da reforma, após a proclamada aprovaçao do projeto na Funarte e a consequente liberação da verba para sanar as urgências estruturais: telhado comprometido, fios descascados, falta de ar-condicionado, cadeiras com estofado rasgado, carência de reforma hidráulica, elétrica e física. “Percebi que, sem a verba, a discussão estava longe da pauta das secretarias municipais e decidi sair”, lamenta a atriz.
“Ainda propus o projeto Rampa das Artes para movimentar o teatro. A rampa do Sandoval Wanderley é um espaço amplo que poderia abrigar apresentações da Banda da Cidade do Natal. Uma reforma simples resolveria. Entreguei o projeto a Edson Soares (adjunto da Capitania), mas não houve interesse”, disse Quitéria. Durante a sua gestão, o teatro permaneceu aberto aos ensaios de cinco grupos de teatro. “Foi um modo de manter alguma atividade no teatro e suprir a necessidade de sede para alguns grupos”, explica.
Hoje, o teatro está fechado aos ensaios teatrais e, principalmente, ao público. O chefe do Departamento de Projetos e Eventos da Funcarte, Castelo Casado assumiu a direção. Segundo Gustavo Wanderley, o novo diretor preparou estudo para viabilizar o espaço “pelo menos para melhorar a circulação de pessoas no local”. O relatório ainda será entregue à Funcarte. Outro problema ainda sem solução é o tamanho do SW. Embora a capacidade para 300 pessoas (aproximadamente metade da capacidade do Teatro Alberto Maranhão) supra as necessidades, o crescente fluxo de carros e ônibus no entorno dificulta o estacionamento e o acesso ao local.
* Matéria publicada hoje no Diário de Natal
domingo, 7 de março de 2010
Ontem a noite no aniversário da Casa da Ribeira, Simona Talma cortou os pulsos da platéia sádica que assistia ao show.
sábado, 6 de março de 2010
sexta-feira, 5 de março de 2010
Dade Anorim
[ in Inscrições ]
Te conheci bem antes dessa manhã
quando te inventei.
Te trago há tanto tempo!
A tua identidade é um pouco a minha,
teu pensamento deita em meu repouso.
Te conheci bem antes
e te reconhecer
é como andar de madrugada pelo campo.
Roubei do blog de Moacy Cirne, que eu amo.
A bailarina
Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.
Não conhece nem dó nem ré
mas sabe ficar na ponta do pé.
Não conhece nem mi nem fá
Mas inclina o corpo para cá e para lá
Não conhece nem lá nem si,
mas fecha os olhos e sorri.
Roda, roda, roda, com os bracinhos no ar
e não fica tonta nem sai do lugar.
Põe no cabelo uma estrela e um véu
e diz que caiu do céu.
Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.
Mas depois esquece todas as danças,
e também quer dormir como as outras crianças.
terça-feira, 19 de janeiro de 2010
Meus eus!
Ah! se eu tivesse a coragem dos personagens que interpretei! talvez tudo seria diferente!
A vontade de seduzir quem sempre desejei, a vontade de gritar com quem sempre temi, a vontade de chorar quando bem desejar e nao ter a mim mesma pra julgar, com a consciência cristã que me condena.
Se um dia eu deixar os palcos, deixarei com ele a possibilidade de ser quem nao sou, e sentir o pequeno prazer que só terei na pele desses seres que desaparecem com os aplausos do publico atento.
Em 2000, comecei uma série sobre figuras populares de Natal (RN) para o site Natal na Íntegra. André da Rabeca estava nos primeiros nomes pautados e chegou a ser fotografado, mas a matéria não foi concluída. No dia 6 de agosto de 2008, de volta à cidade, encontrei André no meio-fio em frente à Manchete Calçados, na esquina das ruas Coronel Cascudo e Princesa Isabel, na Cidade Alta. Saquei o “chaveirinho” do bolso e fiz algumas fotos. André não era de muita conversa, mas, encantado com a máquina, me perguntou quanto custava e comentou que poderia ganhar uns trocados a mais se tivesse uma, fotografando os casamentos nos quais, vez ou outra, era chamado para tocar.
Nascido no interior do Rio Grande do Norte em 27 de outubro de 1942. Segundo seu pai, André era mole e não dava para trabalhar na roça. No início dos anos 80, pegou a estrada para a capital e foi tocar rabeca nas ruas. As últimas notas de sua história como rabequeiro foram dadas em dezembro passado. A tuberculose se manifestou mais uma vez e seu estado de saúde piorou rápido. Como todo desvalido, fez sua peregrinação pelos postos e hospitais públicos: Posto de Saúde de Mãe Luíza (bairro onde morava), Hospital dos Pescadores (Rocas) e Walfredo Gurgel. Medicado e mandado para casa, sem o tratamento adequado, só parou no quarto, o Giselda Trigueiro, quando já era muito tarde. Deu entrada na segunda, 11 de janeiro, e faleceu na tarde do sábado seguinte, dia 16, às 16h05.
André morreu aos 67 anos, deixando Dona Nazaré, sua esposa, e cinco filhos. Destes, só Ivanilson, o mais novo e único nascido em Natal, morava com ele. Os três filhos homens estiveram no sepultamento no cemitério do Bom Pastor, no domingo, 17. As duas filhas, que moram em cidades do interior, nem sabem que o pai faleceu. Nenhum deles aprendeu a tocar rabeca. Nem os muitos netos. O instrumento, que nos últimos tempos ficava na lanchonete Fri-Shop (em frente à Manchete Calçados), continua guardado por Jeane Araújo, dona do local. Segundo Ivanilson, a rabeca será doada ao Museu de Cultura Popular Djalma Maranhão.
Bolg de Sandro Fortunato :"Sempre Algo a Dizer"